Um centenário da viagem modernista: 1924-2024
Nesta página você conhece as chamadas e informações sobre o seminário “Minasmundo, Ouro Preto (2024-1924)”. Rede composta, hoje, por mais de 70 pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições, no Brasil e no exterior, o Minasmundo se formou há quatro anos atrás com alguns desafios de inovação da produção do conhecimento e da sua comunicação pública. Rediscutir o sentido cosmopolita que o modernismo também forjou, para além dos compromissos ideológicos em diferentes dimensões e em matizes políticos distintos, até mesmo antagônicos. Como uma viagem para o interior do Brasil, o abre ao mundo? Mais ainda refunda a agenda estética e intelectual que mobilizará todo o século XX? Questões como original e cópia, centro e periferia, local e universal e dependência cultural não sairiam mais da pauta. Além da crítica à perspectiva eurocêntrica e esboços precários, com os recursos intelectuais e políticos do seu tempo, de uma abordagem que hoje identificamos ao pós ou decolonial. A geopolítica do conhecimento – científico ou artístico está aí para, infelizmente não nos desmentir. Apesar das promessas de um mundo policêntrico, hierarquias e desigualdades duráveis persistem também no campo da cultura. Temos olhando, novamente, muito para “dentro”, mobilizados que estamos pelas lutas por reconhecimento, subalternidades e políticas de identidades. Tudo isso é sem dúvida premente, nossa dívida enquanto sociedade e Estado-nação com maiorias minorizadas é imensa. E não pode ficar mais pendurada, no fiado. Mas, até mesmo para enfrentá-la, é preciso uma perspectiva mais macro a um só tempo política e academicamente inovadora do processo social e suas interdependências, desafios e impasses em escala global, a começar pelo próprio capitalismo, sistema de produção e reprodução de desigualdades inimagináveis. Cosmopolita não é o modernista que viajou para Paris ou para Ouro Preto, mas aquele que entendeu e reorientou sua conduta em relação à diferença, ao outro. Aqueles e aquelas que criaram e criam ramais e caminhos de comunicação democrática. São muitos os deslocamentos estéticos, intelectuais, sociais e políticos que qualquer viagem, qualquer uma delas mesmo, mesmo ao redor de um livro, permite. E exige. Um gesto ritual, voltar a Ouro Preto cem anos depois de Mário, Oswald, Tarsila e outros modernistas para redescobrir um Brasil que não é uma cópia malfeita da Europa, nem por isso uma constelação autêntica. O “entre-lugar” em que estamos como sociedade há mais de 500 anos é um lugar político e não nos permite, simplesmente, ignorar esse legado. Ele exige ele e muito mais: a lutar por outros legados que nos constituem sem, porém, contar com a providência e o conforto ontológico de uma “unidade” ou “pureza”, como nos tem ensinado também Silviano Santiago, esse carioca do mundo, nascido em Minas e uma das inspirações do Minas, mundo. Cosmopolitismo: perigo por todos os lados. “Minasmundo, Ouro Preto (2024-1924)” é uma parceria do projeto Minasmundo e da Prefeitura Municipal de Ouro Preto.