Denilson Lopes
O modernismo de Mário Peixoto e a genealogia da decadência
A partir de sua pesquisa em desenvolvimento sobre Mário Peixoto, Denilson persegue um modernismo da experiência da decadência, tanto do ouro em Minas Gerais quanto do café no vale do Paraíba. Essas ruínas, segundo ele, se juntam a um imaginário decadentista numa configuração moderna (e modernista) distinta do ethos vanguardista (e de valores como ruptura, transgressão, busca do novo estabelecido a partir de manifestos programáticos). E que, portanto, pouco ou nada tem a ver com o modernismo de 1922 e suas derivações históricas vencedoras, como a antropofagia.
A partir de uma perspectiva genealógica, sua hipótese é que poderíamos ter como chave de leitura um “outro modernismo”, marcado pela catástrofe ao invés da utopia; pela melancolia ao invés da alegria; pela sensação de fim do mundo, ou de “um” mundo, ao invés da inauguração de uma nova era; pela lentidão que advém depois do fim e de paisagens rurais devastadas e solitárias, em detrimento da velocidade e da hipersensorialidade das grandes cidades (em que o local se articula com o cosmopolitismo, mas não com projetos nacionais e interessados na consolidação de um campo intelectual). Nesse sentido, num diálogo entre cinema, artes visuais, teatro e literatura, biografia e vida cultural, a prosa vai passar por alguns artistas atuantes a partir dos anos 1930, como Cornelio Penna, Oswaldo Goeldi, Lucio Cardoso, Jorge de Andrade, bem como Autran Dourado, Farnese de Andrade, Paulo Cesar Saraceni, entre outros.