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Pessoas

Imagem e palavra: o CEC e a Geração Complemento

Andre Veiga Bittencourt

Imagem e palavra: o CEC e a Geração Complemento

O projeto de pesquisa pretende se debruçar sobre uma geração de intelectuais mineiros, sediada em Belo Horizonte nos anos 1950 e início de 1960, que se constituiu especialmente em torno de duas experiências coletivas: o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) e a Revista Complemento. Ainda que nem todos tenham participado dos dois grupos, por eles passaram figuras como Maurício Gomes Leite, Jacques do Prado Brandão, Silviano Santiago, Theotonio dos Santos, Ezequiel Neves, Klauss Vianna e Ivan Ângelo.

Alguns aspectos parecem particularmente interessantes nesse período e nesses grupos e funcionarão como um conjunto preliminar de questões para a pesquisa: 1) sua forma de discussão intelectual, ao menos inicialmente, se deu ao redor da cultura cinematográfica, a partir do cineclubismo, tendência esta que, mesmo remetendo ao final dos anos 1920, ganha força mundial no pós Segunda Guerra. Além dessa sociabilidade específica, pensar o cinema envolverá refletir, por um lado, sobre as implicações da imagem como forma e linguagem e, por outro, sobre o eventual peso que a comunicação e a cultura de massa assumia para essa geração – levando-se em consideração as possíveis tensões que os chamados cinema comercial e de arte jogavam naquele contexto; 2) seus integrantes não se restringiram à literatura, o que os diferencia de outras gerações intelectuais anteriores, abrangendo várias áreas artísticas e culturais como o cinema, a dança, o teatro e as artes plásticas; 3) de acordo com depoimentos dos participantes, essa geração depositava uma especial predileção para o que poderíamos chamar de pauta dos costumes ou comportamentais, que também se difundia na Europa e nos Estados Unidos naqueles anos, tais como o debate sobre as diversas sexualidades, o rock and roll e a própria boemia enquanto um estilo de vida.

Tendo isso em vista, desde um ponto de vista sincrônico está no escopo desta pesquisa situar essa experiência particular levando em consideração outros grupos que, no Brasil e no mundo, também estreitavam relações com o cinema e a cultura de massa, cuja incorporação nas técnicas e concepções do fazer artístico e intelectual começava a ser central justamente naquela década. Já de um ponto de vista diacrônico, a pesquisa buscará traçar relações dessa geração belo-horizontina dos anos 1950 com outras gerações intelectuais mineiras, especialmente os modernistas de 1920 e a chamada Geração dos anos 1940, procurando compreender as proximidades em termos de legados, passagens e também de rupturas operadas.

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