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Minas de Ferro: articulando local e global

Rodrigo Salles Pereira dos Santos

Minas de Ferro: articulando local e global

A importância econômica, política e social da indústria extrativa mineral se consolidou nas últimas duas décadas no Brasil, se traduzindo em ampliação de conflitos, impactos e desastres socioambientais. À medida que a exploração de minério de ferro constitui sua viga mestra, o estado de Minas Gerais deve ser compreendido como seu epicentro, permitindo observar a reorientação do investimento privado de corporações, transnacionais e nacionais; a transição na estratégia de desenvolvimento neoextrativista; assim como os regimes de governança de recursos naturais e seu efeitos sobre a sociedade civil. Essa transformação paradigmática vem sendo operada, fundamentalmente, através da integração de frações territoriais do estado em redes globais de produção (RGPs), isto é, nexos corporativos estratégicos funcionalmente integrados, ainda que fragmentados geograficamente, de operações de exploração, extrativas, produtivas, logísticas, e de consumo e descarte. A despeito da centralidade da firma, tais redes compreendem indissociavelmente agentes e estratégias não econômicos (políticos e sociais) cruciais para suas pretensões de acumulação. As RGPs do minério de ferro integram, assim, agentes e operações em múltiplas escalas, vinculando territórios e suas dotações de bens naturais e trabalho em termos profundamente impactantes para seu bem-estar.

Nesse sentido, apoiando-se em resultados de pesquisa prévia que buscou mapear a rede global extrativa de ferro no estado de Minas Gerais e os conflitos socioambientais a ela associados, pretende-se tematizar as formas de “relação descentrada de convivência” entre particular e universal que emergiram da intensificação da integração socioeconômica de municípios extrativos de ferro no estado de Minas Gerais em RGPs extrativas. Mais especificamente, resultados de pesquisa derivados de três estudos de caso representativos devem ser mobilizados. Em primeiro lugar, o caso da depleção da extração no complexo da Vale S.A., em Itabira, que caracteriza um cenário consolidado e declinante. Em segundo lugar, os conflitos em torno da mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional S.A. (CSN), em Congonhas, que caracterizaram um cenário em expansão até 2011. Por fim, o projeto Minas-Rio da Anglo American S.A., em Conceição do Mato Dentro, que constituiu um cenário de implante em uma região do estado sem histórico de exploração de ferro.

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