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O intercâmbio literário entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 60, na correspondência de Maria Lysia Corrêa de Araújo

Myriam Ávila

O intercâmbio literário entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 60, na correspondência de Maria Lysia Corrêa de Araújo

A escritora Maria Lysia Corrêa de Araújo (1922-2012), autora de Em silêncio (contos – prêmios Fernando Chinaglia e Adelino Magalhães, Sec. de Cultura RJ, 1974), Um tempo (novela, 1985), além de livros infantis e infanto-juvenis, é desconhecida de grande parte dos estudiosos da literatura no Brasil de hoje, apesar de ter obtido algum relevo na cena literária brasileira nos anos 70 e 80 do século passado e integrar o Dicionário crítico de escritoras brasileiras, organizado por Nelly Novaes Coelho, além da antologia Escritoras de ontem e de hoje, organizado, entre outras, por Constância Lima Duarte. O interesse mais amplo da pesquisa proposta passa menos pela ficção de Maria Lysia que por sua trajetória como postulante a escritora nos anos 60, período em que conviveu com alguns dos maiores nomes da cultura e da literatura brasileiras em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades onde viveu e trabalhou no serviço público federal, tendo como atividade colateral o teatro.  Formada pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, fundada por Alfredo Mesquita, Maria Lysia teve como colegas de escola ou de palco alguns dos principais atores e dramaturgos brasileiros, como Plínio Marcos, Aracy Balabanian, Maria della Costa, Sérgio Cardoso, entre outros.  Trabalhou, entre outros, sob a direção de Henriette Morineau e José Celso Martinez Corrêa. No cinema, participou do filme São Paulo Sociedade Anônima, de Luís Sérgio Person, um ícone da cinematografia brasileira. Conheceu e foi amiga dos escritores Lígia Fagundes Telles e Carlos Drummond de Andrade. Com este último, teria mantido correspondência ainda não localizada. 

A abordagem assenta-se no interesse acadêmico em conhecer e interpretar uma década, a de 1960, de grande agitação e mudanças na história do Brasil e da sociedade brasileira. Culminando com os eventos de 1968, data marcante não só em nosso país, mas na Europa e Estados Unidos, a década de 60 trouxe novas perspectivas sociais e políticas, com destaque para a industrialização do país, a metropolização das cidades e a crescente importância do transporte aéreo. Nas artes, os avanços incluíam a arquitetura de Niemayer, a introdução de uma nova dramaturgia nos palcos e na recém criada televisão, a bossa nova e seus corolários na música popular, a consolidação de uma literatura de contornos inéditos, com Guimarães Rosa, Clarice Lispector e o sempre novo Carlos Drummond.  

Maria Lysia escolheu ter uma vida literária em São Paulo e Rio de Janeiro durante os anos 1960. Extrovertida e receptiva a críticas e conselhos dos pares, movimentou-se bem pelas duas capitais, como mostram as cartas, registros em que as condições e aspectos dessa movimentação pela cena cultural daquela década se revelam em cores vivas.

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