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O Belo como Horizonte: moda & antimoda como imagem do cosmopolitismo

Angélica Oliveira Adverse

O Belo como Horizonte: moda & antimoda como imagem do cosmopolitismo

Pretendemos analisar a imagem do cosmopolitismo mineiro a partir de uma cartografia sensível dos espaços da cidade de Belo Horizonte e de sua relação com os fenômenos da moda e da antimoda. Para tanto, faremos um recorte entre dois séculos: 1920 a 2020. O espaço citadino moderno nos oferece os elementos para observarmos as transformações na história cultural da cidade. Diante dos processos de modernização social, pontuaremos a partir da antimoda a estetização do cotidiano. Nessa perspectiva, a arte e a arquitetura são essenciais para compreendermos o papel do modernismo mineiro.

Nossa pesquisa abordará as transformações na cultura visual e a influência da moda francesa na capital;  o processo de industrialização e o desenvolvimento dos têxteis; o surgimento das boutiques e o trabalho das costureiras e modistas; as transformações da cidade e a mudança dos espaços relacionados à moda nos anos de 1960 a 1980; e a criação dos cursos de estilismo e design na capital mineira e a profissionalização do setor.

O objetivo da pesquisa é elaborar um atlas que nos possibilite compreender a cultura material e visual entre dois séculos de moda ou da antimoda em Belo Horizonte. Seguindo algumas discussões teóricas de George Simmel sobre o princípio da imitação e distinção, pretendemos apresentar as instâncias da difusão dos modismos e a introdução de novos modos de vida que sugerem o princípio dos movimentos de estilo. Assim, analisaremos o trabalho relacionado ao estilismo e a transformação do vestuário, tendo como diretriz a instância da criação em design de forma a contextualizar os cenários e problematizar a autonomia e sensibilidade dos usuários.

Seguiremos, igualmente, a leitura de Roland Barthes a respeito dos conceitos de diacronia e sincronia para, observando as correspondências entre as décadas, tecer constelações históricas de 1920 a 2020. Entre o passado e o presente, analisaremos o trabalho das modistas, costureiras, alfaiates, estilistas, designers, fotógrafos, stylists, produtores, diretores de arte e modelos, de pensar o cenário em Minas Gerais.

A dinâmica da moda e da antimoda não somente reflete a transformação do tempo, ela confirma as afirmações de Walter Benjamin de que, ao analisarmos os sonhos das gerações que nos antecederam, nós acessamos um sonho de futuro. O belo como horizonte é, portanto, parte dessa promessa. Contudo, o horizonte de beleza em que iniciaremos a nossa pesquisa é diverso. Ele traz em seu cerne uma dimensão temporal que unifica, como nos ensinou Baudelaire, o transitório e o eterno. A imagem do cosmopolitismo mineiro propõe um novo horizonte para o belo, o qual potencializa os valores telúricos na medida em que explicita a complexidade de sua poética universal.

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