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Ciência e política nos pensamentos de Simon Schwartzman e Bolívar Lamounier

Leonardo Belinelli

Ciência e política nos pensamentos de Simon Schwartzman e Bolívar Lamounier

No seu primeiro plano, a pesquisa pretende examinar, em perspectiva comparada, as interpretações de Simon Schwartzman e Bolívar Lamounier sobre a formação histórica brasileira, ambas centradas na identificação do Estado como fator impeditivo do desenvolvimento social, econômico e político da sociedade brasileira. Nesse nível, trata-se de procurar compreender as especificidades das ideias produzidas pelos dois intelectuais e suas relações com seus posicionamentos políticos, conhecidamente liberais. Trata-se, pois, de investigar as relações entre ciência e política nos pensamentos de ambos os autores.

Em outra dimensão da pesquisa, procuraremos compreender como o nexo entre ciência e política se relaciona com elementos comuns às trajetórias acadêmicas e políticas de Schwartzman e Lamounier, como, por exemplo, a formação em Sociologia e Política na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nos anos 1960, a passagem pela academia norte-americana em seus estudos doutorais e a institucionalização de novas agendas paras as ciências sociais brasileiras. Desse ângulo, o que está em jogo é a relação entre trajetórias intelectuais e ideias.

Os dois planos da pesquisa (ciência/política e intelectuais/ideias) serão conectados e problematizados a partir da noção de cosmopolitismo nas ciências sociais brasileiras – nas acepções compartilhadas pelo “quase manifesto” que articula as pesquisas do Minas Mundo. Se o cosmopolitismo pode ser entendido como uma forma de convivência descentrada com o universal a partir do local – e, nesse sentido, é tomado como um ponto de vista a partir do qual se vive e pensa –, o que está em jogo é a tematização do que poderíamos talvez chamar, muito sumariamente e apenas como hipótese introdutória, de recusa de Schwartzman e Lamounier em tomar o “local” como fonte de reconstrução da sociabilidade brasileira, uma vez que ambos identificariam a formação histórica brasileira como ancorada em práticas de dominação iliberais. Recusa, talvez – e isso apenas a pesquisa poderá dizer –, já expressa nos próprios pontos de vista a partir dos quais procuram compreendê-las, inspirados em teorias mainstream da ciência política norte-americana dos anos 1960.

A partir da problematização dos eixos mencionados, o projeto procurará tanto contribuir para a interpretação dos pensamentos e das trajetórias de dois cientistas sociais importantes no processo de consolidação das disciplinas em que se inserem profissionalmente, como, em sentido mais amplo, refletir sobre as complexas relações entre liberalismo e cosmopolitismo.

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