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Cosmopolitismo e ciências sociais em Minas Gerais

Antonio Brasil Jr.

Cosmopolitismo e ciências sociais em Minas Gerais

Em larga medida, a emergência das ciências sociais no país, pelo menos enquanto empreendimento acadêmico organizado nos modernos moldes universitários, foi um típico experimento cosmopolita. Jovens (e alguns não tão jovens) professores europeus e norte-americanos, em estadias de curta, média ou mesmo de longa duração, foram decisivos para a implantação dos códigos (cognitivos, institucionais e sociais) associados ao empreendimento científico; do mesmo modo, os cientistas sociais formados no país conheceram formas de mobilidade internacional de diferentes tipos e intensidades, fazendo parte dos novos canais transnacionais de organização do debate científico. O caso de Minas Gerais, ao menos quando comparado com os outros mais estudados e tomados como paradigmáticos – os de Rio e de São Paulo –, é interessante porque sugere outros sentidos para esse experimento cosmopolita. Chamam a atenção especialmente os seguintes pontos: 1. a precocidade da moderna editoração científica, com a Revista Brasileira de Estudos Políticos, editada por Orlando Carvalho, e a Revista Brasileira de Ciências Sociais, promovida por Júlio Barbosa; 2. a interação entre certas disciplinas, como economia, administração e direito na grade do curso de bacharelado em Sociologia e Política, mantido pela Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da UFMG, discrepando dos outros cursos de ciências sociais então existentes; 3. a intensa conexão com os circuitos latino-americanos das ciências sociais, seja na formação de um programa de pesquisa em sociologia política – em forte diálogo com o grupo de Gino Germani na Universidade de Buenos Aires –, seja especialmente na formação pós-graduada na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em Santiago do Chile, decisiva para toda uma geração de cientistas sociais mineiros que remodelou a sociologia e a ciência política até então existentes no Brasil. Em particular, interessa investigar aqui em maior detalhe a relação dessa geração de mineiros com os experts da Unesco Johan Galtung (norueguês) e Peter Heintz (suíço), que propuseram uma notável combinação de formação rigorosa em métodos e técnicas quantitativas de pesquisa e uma sociologia crítica e radical.

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