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Pessoas

Dimensões e nomeações do Moderno nas Artes Visuais em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX: mulheres artistas na cidade

Rita Lages Rodrigues

Dimensões e nomeações do Moderno nas Artes Visuais em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX: mulheres artistas na cidade

Drummond, em seu poema As moças da Escola de Aperfeiçoamento, versa sobre a mudança nos ares da cidade nos anos 1930 trazida pela presença das modernas professorinhas oriundas de cidades do interior de Minas, a partir do projeto da Nova Escola efetivado pelo governo mineiro: “E são assim tão modernas/tão chegadas de Paris/par le dernier bateau”. A presença feminina moderna vem, também, do interior. Do interior de Minas trazem Paris. A pesquisa aqui apresentada busca analisar a presença de artistas mulheres na cidade de Belo Horizonte nas primeiras décadas da capital de Minas, perscrutando as dimensões presentes nos usos do adjetivo Moderno, como em  Arte Moderna, Cidade Moderna, dentre outros. Duas artistas são escolhidas como ponto de partida da reflexão: Zina Aita, belorizontina de nascimento, responsável pela primeira exposição de arte moderna na cidade em 1920 e participante da Semana de Arte Moderna de 1922, e Jeanne Louise Milde, que vem para Belo Horizonte em 1929 inserida no projeto de modernização de ensino, baseado na Escola Nova, proposto por Francisco Campos.

A presença destas duas mulheres, assim como a das jovens professoras apresentadas por Drummond, aponta novos caminhos para a existência feminina no espaço urbano, um espaço que se pretende moderno, cosmopolita, e dialeticamente mostra-se também repleto de tradições e de conservadorismos. Uma dimensão fundamental da pesquisa proposta é a análise das nomeações do que seria o moderno em Belo Horizonte. Seja na autonomeação da artista Jeanne Milde como “moderna, mas com uma base clássica”, seja na nomeação nas décadas aqui analisadas, seja nas nomeações a posteriori realizadas por estudiosos ao tratarem a exposição de Aita como sendo a primeira exposição de Arte Moderna na capital. O trânsito de pessoas, o trânsito de mulheres artistas entre o Brasil e a Europa, carrega a dimensão do moderno/cosmopolita em múltiplas direções. Assim, o objetivo da pesquisa é realizar um estudo sobre a presença feminina nas artes visuais da cidade de Belo Horizonte sob a chave do moderno, da modernidade, dos modernismos, pretensamente universais, do cosmopolitismo e ao mesmo tempo do significado local dado à palavra moderno pelos habitantes da urbe de 1900 a 1930. 

Corpos femininos no espaço da cidade, ocupando novas funções profissionais e transitando pelas ruas, trariam esta dimensão cosmopolita para o tecido urbano? A partir da pesquisa realizada em jornais publicados em Belo Horizonte de 1900 a 1930, busca-se o significado de moderno naquele momento. Estas duas personagens, mesmo que não tragam na totalidade de suas obras a marca do modernismo das vanguardas artísticas do início do século, como é o caso da produção de Jeanne Milde, trariam em si, em suas presenças, a marca do moderno.

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