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Pessoas

Imagens estilhaçadas: a cena do comum e do outro

José Da Costa

Imagens estilhaçadas: a cena do comum e do outro

No centro de minha discussão, estarão dois espetáculos teatrais do Grupo Galpão sediado em Belo Horizonte – Nós (2016) e Outros (2018), ambos dirigidos por Márcio Abreu. A partir dessas criações, tentarei refletir sobre certas imagens dos âmbitos local e planetário, bem como buscarei circunscrever determinadas configurações cênicas (rítmicas, temporais, espaciais, sonoras etc.) de percepções, mais ou menos fragmentárias, das ideias de sujeito (eu, nós, ele, outros), de comunidade (familiar, nacional, humana) e do espaço público e suas fraturas (pertinência e não pertinência) no contexto contemporâneo.

Poderão ser feitas associações dos espetáculos do Galpão dirigidos por Márcio Abreu com outros trabalhos da trupe de Belo Horizonte e com produções de Márcio Abreu não realizadas pelo Galpão, bem como com espetáculos de outras companhias e artistas mineiros. Destacadamente, devo observar trabalhos de duas criadoras mineiras. Refiro-me à atriz, diretora e dramaturga Grace Passô (que realizou as versões finais de dramaturgias do Grupo Espanca, como Por Elise e Congresso Internacional do Medo, e criou obras como Vaga Carne e Preto, tendo sido essa última escrita em parceria com Márcio Abreu e Nadja Naira) e à bailarina e coreógrafa Denise Stutz (que integrou ao longo de muitos anos os espetáculos do Grupo Corpo em Belo Horizonte e da Lia Rodrigues Companhia de Dança no Rio de Janeiro). Denise Stutz – que, hoje, vive e trabalha no Rio de Janeiro – tem criado e encenado uma série de espetáculos solos que interessam particularmente à reflexão aqui proposta sobre a comunidade e o sujeito (individual e coletivo), entendidos tais termos não de forma substancialista, mas como problemas e como inquietações da imaginação artística.

É possível que certo debate do campo de filosofia ou dos estudos literários sobre a noção de comunidade seja mobilizado, por meio de autores como Jean-Luc Nancy (A comunidade inoperada), Giorgio Agamben (A comunidade que vem), Maurice Blanchot (La comumunauté inavouable), Tzvetan Todorov (A vida em comum: ensaio de uma antropologia geral) e Roberto Esposito (Communauté, immunité, biopolitique: repenser les termes de la politique),  mas também Roland Barthes (Como viver junto), além de Peter Pál Pelbart e Suely Rolnik, que poderão trazer contribuições para o delineamento de questões ligadas à subjetividade ou aos modos de subjetivação coletiva e individual.

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